Transcrição: #001 Por que divulgar Ciência?

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Episódio e postagem completa: #001 Por que divulgar Ciência? 

 

Responsáveis pela transcrição: 

Luana | Renata Araújo | Henrique Soares

 


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TRANSCRIÇÃO

 

Arnoni: Então, quer começar com um “Alô todos e todas?”

Caramelo: Então fala assim: “Alô todos e todas. Está começando aqui o primeiro episódio. Eu sou o Arnoni.”

[vinheta de abertura]

Arnoni: Alô todos e todas. Começa agora o primeiro episódio do podcast Alô, Ciência?
Eu sou o Arnoni e hoje a gente vai conversar um pouco mais sobre divulgação científica. Como anda? Onde vive? E do que se alimenta? Aqui para conversar com a gente temos a presença do Marx, do Gollum e do Caramelo.

Caramelo: Eu sou o Caramelo e eu gosto de batata palha.

Marx: Eu sou o Marx e documentário de sereia não é divulgação científica.

[risos]

Gollum: Eu sou o Gollum e eu quero um PlayStation 2.

[risos]

Arnoni: Acho que a gente escolheu o tema divulgação científica porque é o que a gente se propôs a fazer com este podcast, né. Divulgar a Ciência, popularizar a Ciência, tornar a Ciência mais acessível para o público em geral.

Mas o que seria esse público, né? Por exemplo você que está nos ouvindo ou nossos pais ou qualquer pessoa que não seja da área da Ciência.  

Marx: Ou mesmo da área da Ciência que tenha interesse em debater esse tema. Que tenha interesse em acrescentar sobre isso, né. Porque tem a ver com a divulgação em si, a gente divulga para todo mundo. Inclusive para quem conhece um pouco mais ou conhece menos, né. Até pela especialização das pessoas, elas não vão saber de todos os temas.

Arnoni: A gente pode encontrar a Ciência em diversos lugares, né. Dentro de livros, na Internet. Mas não necessariamente tudo isso é divulgação científica, né.

Caramelo: Por exemplo: uma revista científica, um periódico acadêmico, ele é divulgação? O livro The Cell, do Albert. É uma divulgação científica?

Marx: Ou o seu livro do Ensino Médio de Biologia, é um livro de divulgação científica?

Arnoni: Um outdoor com algum tema científico, é divulgação científica?

Gollum: E o documentário de sereia?

Marx: Esse não é divulgação científica.

[risos]

Marx: Acho que é legal a gente falar de onde que vem também, essa divulgação científica. De onde que parte esse interesse, sei lá,  em alguma medida. Tem que ter surgido em algum lugar.

E aí, lendo um pouco a gente viu que tem algumas questões de divulgação científica. Embora seja de uma forma completamente diferente do que a gente tem hoje, mas que a gente tem alguns preceitos de divulgação lá no século XVIII, que foi importante para as ideias científicas. A partir do Iluminismo ou das ideias do Isaac Newton ou das Revoluções… Da Revolução Francesa, dentre outras que deu uma força maior para a ideia científica. E já tinha palestras de Química, Medicina. Tinha eventos que as pessoas iam expor determinado artefato científico e as pessoas queriam discutir sobre isso.

Caramelo: É, nessa época tinha aqueles zoológicos humanos, né, também. Que o pessoal vinha pegava, sei lá,  pessoas de tribos africanas e expunha na Europa. Era uma questão muito de divulgar que a Ciência está descobrindo que existem pessoas que vivem de uma maneira muito diferente e que não tinham diálogo nenhum com a sociedade. Porque ninguém questionava isso, ninguém pensava que aquilo lá eram pessoas. Os cientistas “”tavam”” falando que aquilo lá eram animais praticamente e não tinha uma discussão grande em torno disso. Bem complicado nessa época.

Marx: Eu acho que tem uma outra, tem uma outra coisa que talvez o Caramelo saiba melhor, que é quando que… Eu esqueci o nome agora, aqueles, como é que é? Gabinete de curiosidade? Como é que chamava?

Arnoni: Ah, eles falaram isso no…

Caramelo: Os gabinetes de curiosidade, eles até falaram isso no episódio do Dragões de Garagem

Marx: Do Dragões né, é verdade.

Caramelo: Que era basicamente centro…

[sobe trilha sonora]

Caramelo: Licença, desculpa, enquanto eu estava editando esse podcast, eu notei que  eu falei algumas coisas erradas. Então vamos consertar agora em tempo real.

Os gabinetes de curiosidade  na verdade eram propriedade de pessoas muito ricas, que viajavam pelo mundo e coletavam várias coisas e deixavam expostas apenas para visitantes. Ele não era aberto para o público.

[trilha sonora]

Arnoni: Voltamos agora com nossa programação normal.

Marx: É, e entrando nas primeiras ideias de divulgar Ciência né , de colocar as pessoas em contato com algum tipo de pensamento científico. Ainda que a Ciência ainda fosse se aprimorar a partir dali. Fosse haver uma discussão de método, né. Um aprimorar dos métodos científicos, né. Acho que isso ainda foi muito discutido. Ainda cresceu muito no decorrer do tempo isso.

Gollum: E, é aí que rola a diferença entre o que é que é uma revista de cunho acadêmico, um periódico científico e uma revista de divulgação científica né.

Arnoni: Uma coisa que é importante pontuar, que seria um pouco do que o Marx disse. Acho que antigamente, quando os cientistas descobriam alguma coisa, queriam comunicar, mas essa preocupação de tornar o conteúdo acessível para a população em geral. Era mais a comunicação entre cientistas.

É bem legal diferenciar um pouco a comunicação da divulgação científica. O Roberto Takata, do Gene Repórter, ele fez uma postagem bem legal, que vai tá linkada aqui embaixo, onde ele separa um pouco isso. Ele pegou um quadro de um outro artigo e discutiu um pouco mais isso. E ele fala, quando um cientista conversa com um outro cientista ou com o governo ou com alguma empresa. Ele tá fazendo comunicação científica. Que seria de cientista para cientista, uma comunicação  entre pares. Isso já é feito na Ciência há muito tempo, né. Você descobre algo, mostra para alguém que você sabe que tá trabalhando com algo parecido com o que você tá trabalhando ou então para um outro cientista.

Mas acho que essa preocupação em tornar a Ciência acessível de verdade, em por exemplo: revistas. Trazer uma linguagem mais acessível, é relativamente nova assim.

Gollum: Uhum.

Arnoni: Aqui no nosso meio acadêmico, às vezes os próprios professores e cientistas, eles acham que tão fazendo divulgação científica a partir do momento por exemplo:  que eles falam sobre o trabalho deles. Só que eles não falam desse trabalho de uma forma acessível. Eles colocam simplesmente a pesquisa deles, pública, e acha que a população tá ciente do que tá sendo feito. Só que lá tá cheio de jargões técnicos, milhares de coisas que grande parte da população, inclusive grande das  pessoas que fazem Ciência não entendem. Acho que falta um pouco dessa sensibilidade dos pesquisadores de fazer um material que seja acessível de verdade.

Marx: É, de fazer essa divulgação, de fato, tem uma grande confusão entre comunicação e divulgação científica. Que é o que a gente diferenciou. A comunicação, ela é feita, sem dúvida ela é muito bem feita pela Universidade. O que é produzido de conhecimento é passado pelas Universidades, é testado  de outras formas. E nisso a Ciência se constrói.

Agora a divulgação é  o que a gente precisa melhorar e nesse sentido entra a importância e o porquê a gente quis fazer o podcast. Porque é uma abertura, de um espaço, de um momento, para gente conseguir trazer alguns temas, alguns debates, algumas construções da Ciência sobre determinados eixos que permeiam as discussões da sociedade.

Caramelo: E nesse sentido de valorizar a divulgação científica, ações de divulgação científica. As Universidades Federais estão um passo um pouco a frente das Universidades Estaduais. Por exemplo a USP e a UNICAMP, porque elas quando vão fazer processo seletivo, concurso, levam em consideração currículo que tenha ações de divulgação. Então isso vale mais do que vale em outros concursos, de âmbito estadual, ou…. não federais. Então acho que também temos que reconhecer, que alguns espaços, pelo  menos em alguns dos espaços têm havido; não que seja o suficiente, mas tem havido uma valorização de ações de divulgação científica.

Arnoni: Falando agora num tema que a gente tocou logo no começo. “Esses diferentes lugares” de divulgar Ciência. A gente antigamente tinha livros. Agora atualmente a gente tem internet, quadrinhos, tirinhas. A Ciência, ela é divulgada em várias maneiras.

Marx: A gente não pode esquecer cinema também, ou mesmo por meio da literatura. Tem diversas formas disso aparecer, né.

Gollum: Sim.

Arnoni: A divulgação científica, pelo menos o que eu percebo, que no Brasil ela é relativamente nova assim. Obviamente a gente tinha, tem personagens antigos. Por exemplo o próprio Dráuzio Varella, que torna uma linguagem da Medicina, muito mais acessível a uns anos. Tem o Marcelo Gleiser, mas essa nova onda de youtubers, que acho que popularizou a Ciência, ou pelo menos popularizou a Ciência para nossa faixa etária, né. Porque antigamente, eu lembro quando eu era menor, no Fantástico passavam vários documentários da BBC ou do próprio  Marcelo Gleiser e o alcance que esses documentários têm é gigantesco, né. Se você coloca numa mídia de massa, por exemplo a televisão, você atinge milhões e milhões de pessoas.

Marx: É a brincadeira que o Dragões costuma fazer, né.  O pessoal do Dragões de Garagem, o dia que o “Cosmos” for para TV aberta, né.

Arnoni: É, aconteceu isso na BBC,

Marx: Sim, sim.

Arnoni: Passou lá na…

Caramelo: Na FOX.

Arnoni: Na FOX, desculpa. Passou lá na Inglaterra, nos Estados Unidos também.

Marx: Não, e o alcance que isso pode ter é gigantesco mesmo. Se for pensar na sala de aula, na realidade da sala de aula. Os alunos comentam. Eu falo muito do Cosmos, porque é um negócio que você fica louco assistindo, né.  E quando comenta com os alunos no do seguinte eles vêm comentar que eles estão surtando vendo Cosmos. Então tem espaço para essa ferramenta de divulgação, só  precisa ampliar.

Caramelo: A questão agora é que os meios de comunicação mudaram, né.  Por exemplo, quando a gente era criança, o principal meio de comunicação era a TV, no máximo o rádio. Hoje em dia, o principal meio de comunicação é a internet. Então a gente tem por exemplo: Netflix e YouTube, que são grande parte do consumo de mídias que a população em geral tá tendo nesses últimos, sei lá,  cinco anos, dez anos. Que é quando teve uma popularização muito grande da internet no Brasil. Até uma questão de acesso a internet no Brasil, que ficou mais barato, ficou mais acessível.

Então a gente tem por exemplo, grandes nomes da divulgação no YouTube, que são por exemplo, o Atila, com o Nerdologia; o Pirula; o Yuri do Eu, Ciência.

Gollum: Tem bastante canais brasileiros surgindo agora, né…

Marx: Peixe Babel.

Caramelo: Peixe Babel! Que são canais brasileiros, sem falar dos grandes canais  americanos, que ai tem o pessoal que fazem super produções. Qual que é?

Gollum: Hank Green. Tem lá a menina do Museu de Michigan, não sei… Brain Scoop, que é bem legal também. Ah tem vários.

Arnoni: É bom notar que essas pessoas, elas meio que nasceram dentro da internet. Porque, por exemplo, se você pega o Dráuzio Varella, ou pessoas que faziam  documentários, eles são pessoas que estavam na televisão e “”tão”” migrando para essa nova mídia, a internet.

Agora, com essa popularização da internet, pessoas como o Atila do Nerdologia, o Pirula entre outros, no YouTube principalmente. O alcance deles é gigantesco também. Não  obviamente como uma mídia de massas, onde você alcança milhões de pessoas, mas você pega um vídeo lá desses vários canais, eles têm 200, 300 mil visualizações. É um público bem específico que eles estão atingindo, né, uma faixa etária específica. Mas é válido também.

Marx: Com certeza, as pessoas entrarem em contato com isso, que acho que a ideia é exatamente essa, né. Quanto mais gente entrando em contato com a Ciência, acho que a vantagem é de todo mundo.

Arnoni: Uma outra importância que a gente pode ver também da divulgação e tornar a Ciência mais popular. É aproximar a população da Ciência mesmo. E uma coisa que eu acho muito interessante, é quebrar um pouco o estereótipo do cientista, né. É a população  saber quem é o cientista. Por exemplo, eu pretendo ser… eu daqui há algum tempo tô quase me formando (risos), serei um cientista, mas o Marx, o Caramelo já são cientistas, a gente conhece, cruza com professores aqui, são todos cientistas. E eles não vestem jaleco, eles não têm aquele cabelo do Einstein, eles  não andam com a língua para fora, sabe. O próprio pessoal do YouTube, que divulga a Ciência, eles  são cientistas e se você olhar, você perde esse estereótipo de cientista maluco, você  aproxima mais e vê que os cientistas são pessoas normais. Eles só fazem Ciência, e essa é a diferença dele das outras pessoas.

Caramelo: É, mas aí você vê que tem uma grande influência também, por exemplo, a sociedade não tirou do nada esse estereótipo do cientista, né.  Quais são as referências de cientista que a gente tem, que a gente viu quando era criança? Laboratório de Dexter, o Beakman. Que mais?

Arnoni: O Tíbio e o Perônio.

Caramelo: O Tíbio e o Perônio. Todos o que? Brancos, velhos e loucos, tirando o Dexter, mas  o humor do programa é porque ele quebra só esse estereótipo. Mas que usa um jaleco. E que são…

Marx: Num laboratório gigantesco, vidrarias e…

Caramelo: Irado e que trabalham sozinhos, né. Todos. Tirando o Beakman, que tem o…

Gollum: O Lester.

Caramelo: O Lester, e a menininha.

Arnoni: Mas o melhor amigo dele é um rato cara.

[risos]

Caramelo: E aí a gente vê que tem uma… essa importância da mídia é muito grande, né. Porque se você pensa, a divulgação científica por onde que ela ocorre? Ela ocorre através de mídias e meios de comunicação em geral, principalmente. Pode ser que ela fuja disso, mas em geral não tem muito como fugir dos meios de comunicação.

Se a gente for pensar também que os meios de comunicação, eles são muito influentes no, sei lá, no imaginário das pessoas, né.  O imaginário como um grande acervo de coisas que a gente tem, que a gente enfrentou ao longo da vida. Ter isso daí mostra que a gente fez alguma divulgação científica ao longo desse tempo, só que ela foi, ela tendeu para um lado que não é muito o que a gente espera. Que ela dê uma visão estereotipada de Ciência, ela deu um olhar muito, sei lá, individualista, né,  da Ciência até.

Arnoni: Ah, esse é um bom ponto também. Todos esses cientistas, tirando o Tíbio e o Perônio, eles são cientistas muito individuais e a Ciência não é feita assim. A Ciência é feita através da construção coletiva, da comunicação entre pares, né. Não é um cientista trabalhando sozinho e gritando de repente “Eureka”.

Caramelo: Aí tem um trecho muito legal  de um livro que chama: Divulgação Científica como Literatura.

Arnoni: Vai estar linkado no post aqui embaixo.

Caramelo: (risos) Vai estar linkado no post… é, não pode linkar, o nome vai estar linkado, né?

Arnoni: É.

Caramelo: Ah tá, o nome do livro vai estar linkado aqui no post.

E é muito legal, que ele faz essa relação bem direta assim, como que surgiu essa divulgação pela literatura. Então a gente pode ver, que tem textos até do Einstein, que ele publicava como forma da população entender o que era teoria da relatividade. São coisas bem legais assim. Daí a gente passa pelo Carl Sagan, pelo Oliver Sacks. Quem mais? Quem escreve?  

Gollum: O Carl Zimmer.

Marx: O Neil deGrasse Tyson também escreve.

Caramelo: O próprio Neil, realmente.

Marx: O Marcelo Gleiser.

Caramelo:  O Marcelo Gleiser.

Arnoni: O Dawkins. Richard Dawkins.

Marx: Richard Dawkins.

Caramelo: E é legal que a grande visão que este livro dá, é que a educação, ela não é uma coisa que acontece na escola só. Ela fala que a educação é uma coisa que acontece na vida toda  da pessoa, então, a pessoa vai estar em contato com muito mais coisas do que a escola ao longo da vida, né. Por exemplo, ela vai passar mais tempo no colchão do que na escola e o que ela pode estar fazendo nesse colchão.

[risos]

Caramelo: Vai estar vendo o filmezinho dela, vai estar lendo o gibi dela, vai estar lendo aquele livro.

Marx: E ouvindo podcast.

Caramelo: Ouvindo os podcasts.

Arnoni: Entre outros.

Caramelo: E é isso, ela vai estar em contato com isso, e isso vai definir muito do que ela vai entender de Ciência. O que que ela vai encontrar nesses meios como Ciência. Então é uma coisa muito importante, né, da questão  da divulgação científica nas Artes, por exemplo nos filmes, tem filmes muito bons que tem saído. Tipo Gravidade ou Perdido em Marte, Interestelar. São filmes, que ““pô”” trazem um conhecimento científico por trás muito grande e também têm a licença poética, né. De viajar em outras dimensões, que também não pode tirar a questão de que a pessoa está  vendo um filme para se divertir e não para entender Física Quântica.

Marx: Tem um ponto que é importante que o Caramelo falou. Que é o fato do para além da escola. A escola não tem o tempo e nem a estrutura suficiente para formar e trazer todos os elementos importantes da Ciência para vida da pessoa. Muitas vezes a gente tá discutindo um monte de coisa na escola, a bem ou mal por conta do currículo ter problemas e etc. A gente não discute todos os  elementos possíveis, todos os elementos que podem ser usados na vida da pessoa a partir da Ciência. E nesse sentido de novo entra a parte de divulgação científica, entram os filmes sobre Ciência que o Caramelo estava falando, entram os podcasts, os youtubers e etc. Porque no tempo extra, “vamos dizer assim” da pessoa, ela também vai estar aprendendo o tempo inteiro. Que é um  escritor, psicólogo, pedagogo que eu gosto bastante, o Caramelo também gosta bastante, que é o Vygotsky. Ele fala que a pessoa está em constante formação. E ela de fato está. Agora, como que ela está se formando? Vai ser das formas mais diversas possíveis, né.

Arnoni: É que a gente sempre ouve falar, “que tem que tornar a linguagem acessível”.

Marx: Transposição didática?

Arnoni: Isso. Tornar a linguagem acessível não é necessariamente, você encher o seu jargão de gírias e outras coisas. É você realmente usar palavras que façam com que as pessoas entendam o que você está falando. E é um trabalho difícil fazer essa transposição didática. Não é fácil, então, você por exemplo que trabalha organizando, não sei, eu por exemplo, eu trabalhei com invasão de espécies invasoras. Às vezes…

[risos]

Marx: “Invasão de espécies invasoras.”

Caramelo: Ajuda.

[risos]

Arnoni: Não, mas…

[risos]

Caramelo: Invasão de espécies exóticas.

Arnoni: É, obrigado. Então, voltando agora. A transposição didática não é uma coisa fácil. Você por exemplo da área de Ecologia, tem vários jargões da área de Ecologia, várias teorias que é difícil você conseguir simplesmente com… achar em uma, duas frases que você vai tornar aquilo acessível. Às vezes a pessoa necessita de um conhecimento prévio para entender aquilo, por mais acessível que você tente deixar. E é um trabalho complicado, não é fácil,  simplesmente mudar duas palavras e achar que agora está acessível.

Caramelo: Vai também da gente abrir desse preciosismo que a gente tem na Ciência, de ““”pô””, não, o cara… O cara tem que saber o nome do terceiro par de perna do crustáceo que vive no Mediterrâneo. Porque senão eu não estou divulgando o meu trabalho direito.”

Sabe, na verdade não, você está fazendo a sua divulgação se você simplesmente falar que o terceiro para de pernas do bicho, faz tal coisa, tem tal função.

Marx: Ou existe…

Caramelo: Ou existe…

[risos]

Marx: Ou existe um bicho ali. Que é importante para alguma coisa.

Caramelo: Exatamente. E também pensar que a transposição didática, ela tem vários níveis. Então pensa, que sei lá, um livro que a gente usa aqui na graduação, cara, não tem tudo que o cara lá do laboratório dele descobriu ao longo dos anos, tudo que ele documentou, não tem. Ele vai lá e dá uma simplificada muito grande. Aí chegam autores de livro didático, como Sônia Lopes, como o Amabis, que também dão uma simplificada muito grande do que a gente vê aqui na Academia ou no curso superior, que também a intenção é outra. E agora pensando em divulgação científica, cara. Você está diminuindo mais ainda este número de informações e simplificando cada vez mais. Então aí fica um desafio muito grande, né.

Arnoni: Eu acho que vai muito do objetivo do divulgador, né. Por exemplo se o divulgador tem um objetivo mais de tentar passar, guspir e vomitar aquele conteúdo dele. É um objetivo que ele pode ter, mas, por exemplo, eu estava conversando com o Gollum, esses dias, tem aquele documentário da BBC, que eram feitos antigamente, às vezes o papel deles é simplesmente de sensibilizar, mostrar que aquele bicho existe, sabe. Você não precisa ficar “”vomitando”” conteúdo. Mas o simples fato de você fazer, ou mesmo nos filmes, alguma coisa que sensibilize a população de que mostrar “olha, esse bicho existe, olha”. Ou então pelo menos “olha como é bonita a Ciência”, sabe. Ele já tem o seu papel, ele já cumpre o seu papel dentro do objetivo proposto.

Caramelo: É, eu por exemplo, eu vim parar aqui por causa disso. Não sei se isso foi bom, né (risos).

Gollum: Mas eu acho que a divulgação também, não é só simplificar ao máximo tudo que eles produzem aqui na Academia, depende muito do seu público, né. Se você quer fazer divulgação para crianças de Ensino Fundamental, vai ser uma coisa muito mais simples do que se você está fazendo para crianças do Ensino Médio. Agora se você quer que seu público seja pessoas que já fazem Biologia, então você já pode colocar mais jargões, é bem relativo do público que você quer ter, qual parcela da população você quer alcançar, né.

Marx: É, e acho que para além dos jargões, do público e tal. A gente tem que ver o que faz sentido para aquele público, né. O que faz sentido… O Gollum falou “Ah, se for uma molecada de seis anos…”. O que faz sentido para eles do que a gente discute aqui? A gente vai chegar lá e falar do terceiro par de perna do… Não, a gente tem que chegar lá e falar o que que a Ciência toca o cotidiano deles, pode ser que seja uma coisa entre várias aspas ‘’simplificada”, é uma palavra até errada a gente falar que é. Eu chamei de simplificada. Acho que é até errado porque na verdade não é que é simples. É o que toca eles, é o que faz parte da realidade deles, assim como de um aluno de Ensino Superior de Biologia, vai tocar de outra forma. O cara tem outro interesse, assim como a pessoa que mora na cidade tal do interior, vai tocar em outro ponto também. Então a gente tem que ver pela realidade, também.

Caramelo: E aqui, falando mais um relato, né. Como eu trabalho com crianças e tal, eu tenho um contato com a creche aqui da USP e eu fiz um estágio lá que…um dos momentos que mais me tocou, que mais realmente me fez pensar o que que eu estava fazendo naquele espaço, foi quando eu estava pátio com umas crianças e a criança me chamou muito animada, assim falando “Nossa, vem cá tio… não sei o que, te mostrar um negócio que eu descobri.” (risos). E eu nossa, o menino é um gênio.

Quando eu cheguei ali o menino estava cavando ali uma… embaixo de uma Tipuana, que é  uma árvore qualquer que tem em São Paulo inteiro. E é uma árvore bem grande assim, com raízes grandes, ele tava cavando. Eu falei “Ah, o que vocês estão cavando aí?”. Achei que eles iam falar “Ah, uma parte da árvore tá enterrada, não sei o que.” Ele falou “Ah não, achamos aqui uma perna de dinossauro.” Aí  eu fiquei “”porra””… “”caralho””, queria eu achar que isso é uma perna de dinossauro, sabe.

É bem legal, a atitude que eu adotei naquele momento foi a de não falar que não é uma perna de dinossauro, mas que fazer eles conversarem sobre. E foi muito divertido, que eles ficaram falando que era uma perna de dinossauro, não sei o que.  Daí eles começaram a cavar. Eles olharam assim… “É, parece a árvore”, não sei o que. (Risos). Aí chegou um outro menino que era mais velho e falou “Não, isso é um pedaço do tronco que caiu, ficou enterrado.”Gerou a maior discussão assim. E foi muito legal sabe.

Que que faz parte do cotidiano deles? Mano, ficar no parque, cavar e se divertir com isso e eles gostam de dinossauro e vão trazer o dinossauro para a brincadeira deles.

Marx: Imaginário, né.

Caramelo: É, às questões do imaginário delas, que vão sempre ficar povoando às brincadeiras que eles estão fazendo. Nesse momento, cara, você seria uma pessoa horrível se você virasse e falasse “Não, ó seu guri idiota, é só uma raiz, seu….(Risos).

Então, vai, esse negócio do público é bem interessante também, tem que ter essa abertura de diálogo.

Gollum: Mas tem que ter uma sensibilidade para falar com eles.

Caramelo: Tem, tem.

Gollum: Não, não. Não só com as crianças, com qualquer público

Marx: É, e essa sensibilidade tem que ser para além  do ir levar, né. Mas sim para pegar alguma coisa, né. Porque a gente tem o mau hábito de, mesmo entre os divulgadores, de achar que a gente vai levar um determinado conhecimento e iluminar a cabeça da pessoa, que “”coitada””, é desprovida daquele conhecimento científico, que a partir de agora  a vida dela vai mudar. “”Porque a Ciência chegou para salvá -la””, né. Mas não, ela provavelmente tem um conhecimento, muitas vezes diferente do científico ou no mínimo um conhecimento empírico da realidade dela, que é de uma grandeza fenomenal. E aí cabe a nós também ter a cabeça aberta e aprender uma “”porrada”” de coisas, né?

Caramelo: Uhum.

Marx: É sempre uma troca, né.  Sempre um processo dialético. (Risos) No aprendizado.

Caramelo: Olha aí. O que é dialética, Marx?

Marx: É o processo onde você vai levar algumas coisas, alguns elementos. No nosso caso vai levar um determinado eixo científico, sei lá,  vamos dizer assim. E ao mesmo tempo que aquela pessoa se altera, acumula determinadas coisas, determinados conhecimentos, ela já não é mais a mesma pessoa. A partir daquela experiência, ela também traz novas coisas e a interação entre  vocês traz novas coisas e você também se muda. Então é um processo onde cada um vai trazer seus elementos, a própria interação vai construir novos elementos e os dois são alterados naquele processo. Por isso que é um diálogo, né. Onde cada um traz um determinado ponto e tudo vai ser alterado a partir daquela interação.

Arnoni: A Internet no Brasil nos últimos anos cresceu absurdamente, né. Então, e com isso houve um crescimento também desses meios de divulgação, que estão tornando cada vez mais tênue essa linha entre o público e o cientista. Então, nesse embalo, surgiram vários canais do YouTube, vários… novos podcasts, vários blogs. Esse crescimento é muito importante porque você aumenta o número de comunicação que você pode ter com esse público, mas ao mesmo tempo é bom tomar um pouco de cuidado, né, porque quantidade não necessariamente significa qualidade. Apesar de terem surgido muitas coisas, estão surgindo muitas coisas que estão fazendo até um desserviço pra divulgação científica, né.

Marx: Com certeza.

Caramelo: Nossa senhora…

Arnoni: Que é a parte, por exemplo, de pseudociências, que é muito forte atualmente. Mas isso a gente pode…

Marx: Deixa pra um outro episódio…

[Risos]

Arnoni: Deixa pra um outro episódio que é um assunto que…

Marx: Que merece um episódio só pra ele.

Arnoni: Certamente.

Caramelo: Viva a Terra plana!

[Risos]

[Trecho ininteligível]

Arnoni: Bom, e um dos podcasts que… de ciência, de qualidade, que a gente ouve bastante é o próprio Dragões de Garagem, que, bom, se você tá ouvindo a gente e não conhece o Dragões de Garagem, isso é impossível,  porque você conhecer…

[Risos]

Caramelo: Não existe!

Arnoni: A chance de você conhecer a gente e não conhecer Dragões de Garagem é bem menor.

Caramelo: Marca a chance de você… É, exatamente!

[Falas diversas misturadas]

Caramelo: Porque eu realmente pedi pra você ouvir… obrigado! Espero que não tenha tido problema no botão “download”!

[Risos]

Arnoni: O Dragões de ciências, que é feito pelo Luciano Queiroz, o Cupim…

[Risos]

[Inserção: “OK, Houston, we have a problem here.”]

Arnoni: E dentre… dentre esses vários canais de podcast que surgiram no Brasil nos últimos anos, um que a gente pode destacar é o Dragões de Garagem…

[Risos]

Arnoni: … que é feito por várias pessoas e, entre eles, o Luciano Queiroz, o Cupim. Que que será que o Cupim tem pra dizer pra gente sobre divulgação científica? A gente podia dar uma ligada pra ele e ver, né.

Caramelo: Ah, bora lá… [Risos]

[Arnoni vocaliza som de teclado telefônico sendo discado]

[Som de disco telefônico sendo operado]

[Nota do transcritor: Para quem nunca viu, isso é um disco telefônico — https://youtu.be/YzsYAMiUP7E?t=29s]

Cupim: Bom, muito bem. Meu nome é Luciano Queiroz. Sou biólogo, mestre em microbiologia e podcaster. Eu sou um dos criadores do podcast Dragões de Garagem junto de vários outros amigos. Lá gente fica falando de ciência e de algumas outras besteiras. Respondendo a algumas perguntas aqui, alguns questionamentos. Divulgação científica, ou popularização da ciência, que é um outro termo também usado, nada mais é que a difusão ou compartilhamento – se preferir, é um termo mais moderno – do conhecimento científico prum público geral. Aí, cê vai perguntar “Ah, por que que eu devo saber ciência?”, sim, sim, normal, né. Existem vários motivos pra você saber ciência, mas vou simplificar apenas em um, que é um que eu gosto, que é: Nós vivemos em um mundo científico. Tudo que experimentamos no nosso dia a dia tem um pé na ciência. Vamos fazer um exercício de imaginação. Imagine que você acordou cedo com seu despertador, seu smartphone, fazendo aquele barulho infernal. Aí, cê levanta, vai até o celular, clica na tela pra desligar o despertador e aí cê pode parar e pensar: “Nossa, ciência. Esse smartphone é um computador?” Por incrível que pareça, sim, é um computador. Ele tem um sistema operacional… É um computador quase equivalente aos computadores que a gente tinha dez anos atrás, com nosso processadores de, sei lá, de 500, 700 MHz, que era algo muito excelente. Além disso, o ato de desligar o despertador tocando na tela do seu celular, que é sensível ao toque, o famoso touchscreen, é física. É tanta física que eu nem sei explicar, porque eu sou biólogo! [Risos] A bateria de lítio tem duração de horas. No meu celular dura um dia inteiro, quando eu economizo, e isso é química pura. Nada mais é do que uma bateria melhorada com o passar do tempo. E por aí vai. São muitos exemplos, remédios, vacinas, tratamentos específicos como pra câncer ou alguma outra doença, transporte, veículos automotivos e tecnologias: celular, computador, tudo quanto é coisa que cê puder pensar em relação a tecnologia ad infinitum, todas as coisas que a gente tem aí no nosso mundo. Tudo, tudo passa por ciência. Eu podia ficar aqui dando n exemplos, mas não vou me alongar muito. Já deu pra entender, né, qual que é a importância de saber ciência.

Considerando isso, a divulgação científica pode ser feita de várias formas. E é engraçado que, desde que eu comecei a trabalhar com divulgação, em 2012, mais ou menos, eu separei em duas categorias. Eu tento seguir umas formas tradicionais de fazer divulgação científica e as novas. Ah, eu sei, “novas” é meio estranho, mas eu não achei nenhum nome melhor pra isso. As formas tradicionais podem ser os livros escritos por cientistas, como o Carl Sagan, o Richard Dawkins, que escrevem ensaios ou escrevem romances, como um romance escrito pelo Marcelo Gleiser. Outros meios que se encaixam dentro da forma tradicional são as revistas de divulgação científica como a Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), e a Scientific American e além, é claro, de jornais impressos e programas televisivos, vide Cosmos, que fez muito sucesso, ou o Nova, que é um programa que existe há anos nos Estados Unidos que tem essa temática científica. Entretanto, com o surgimento e popularização da Internet – hoje em dia quase todo mundo tem Internet no celular; a grande maioria das pessoas, óbvio, não todo mundo –, foram surgindo outros canais de divulgação científica e essas formas que eu classifiquei como novas formas de se divulgar ciência. Dessas mídia eu destaco os blogs, os vlogs ou canais no YouTube e os podcasts.

Falando de podcasts, que é a área que eu trabalho, que eu já tô trabalhando há uns três anos, ajudando a desenvolver o Dragões de Garagem. Existem várias vantagens. Primeiro, para o ouvinte. Ele pode ouvir os podcasts em qualquer lugar, no smartphone, no som do carro, computador e além disso ele escuta quando ele quiser. Podcast, por exemplo, se você está ouvindo o primeiro episódio do Alô, Ciência? e nunca tinha ouvido falar do Dragões de Garagem, você pode ir lá no nosso site, pegar o primeiro episódio, que a gente lançou no dia 26 de setembro de 2012, e escutar. Quer coisa melhor do que isso? Quando que cê ia poder fazer isso num programa de rádio, tipo, “Nossa, que programa de rádio que passa toda terça-feira, eu adoro ouvir ele às 14h00.” Eu nunca vou conseguir ouvir nenhum outro episódio antigo ou ver a opinião das pessoas que estão ali fazendo a discussão porque não é gravado, porque não tem como eu baixar e colocar no meu celular, entende? Então essa ideia do ouvir quando você bem entender, o on demand, igual serviços de streaming que tem aí na Internet, que eu não vou citar nomes, é realmente um dos principais fatores e características do podcast. Você escuta quando você bem entender. E aí, isso é tão assim que eu, por exemplo, aqui na minha casa, eu deixou juntar um monte de louça na pia. Não é “porqueira” minha. É que, no final do dia, eu vou lá, tem aquela quantidade razoável de louças sem fazer muita sujeira, eu resolvo começar a lavar elas, ponho um podcast pra ouvir, eu levo ali meus 15, 20 minutos pra lavar – economizando água, viu? [risos]… Durante esse tempo eu escuto ou um podcast pequeno ou metade de algum podcast maior. Eu consigo ouvir um podcast, principalmente um podcast de ciência, aprender com ele, enquanto eu tô fazendo coisas cotidianas. Ou pegando um ônibus. Às vezes a gente fica horas, perde aí duas horas, que são preciosíssimas, andando num ônibus, aí fica coisa chata… Essas são algumas das vantagens do podcast.

Mas aí, quando a gente fala de podcast de ciência, surgem outras vantagens interessantes, principalmente pra quem tá produzindo e também pra quem tá ouvindo. Pra quem tá produzindo, é interessante porque a maioria dos podcasts de ciência, ou eles são feitos por cientistas – igual o caso do Dragões de Garagem; nós somos estudantes de área correlatas ali da ciência, biólogo, químico, físico e, normalmente, a maioria são pós-graduandos e a gente tem esse domínio do assunto –, ou são feitos por pessoas que gostam de ciência e que sempre convidam cientistas pra participar desses programas. Então são conteúdos de alta qualidade, com cientistas falando, o que acaba aproximando esse cientista da pessoa que tem interesse, mas não tem acesso a esse tipo de conhecimento. Essa é uma das primeiras vantagens pra isso. Se aproxima o cientista do resto da sociedade.

Outras questões, assim, que eu tenho discutido bastante é que os podcasts de ciência ainda são poucos no Brasil. Tá tendo um certo crescimento nesse ano de 2016 começou a surgir alguns podcasts, como o próprio Alô, Ciência?. Tá começando a melhorar um pouco essa questão, mas ainda existe muito espaço pra podcast de ciência no Brasil. Esses novos podcasts que estão surgindo, eles podem explorar outros tipos de formato, falar de outros conteúdos e acabam que a gente cria mais opções pra pessoa que é interessada em ciência ouvir podcasts que ele tenha uma ligação maior, que ele ache mais interessante pra ele. Ele pode não gostar do Dragões de Garagem, mas gostar do Alô, Ciência?, ou gostar do Scicast. Então a gente cria essas opções, mas o importante é ele esteja tendo contato com a ciência, independente do canal. Óbvio que ciência de qualidade é uma coisa que eu já venho falando também. Quanto mais gente falando de ciência na Internet, melhor. Mais gente vai tá tendo contato. Melhor alfabetizada cientificamente a nossa sociedade vai ser. Coisa que a gente tá precisando [risos] ultimamente.

Então é isso. Finalizando aqui a minha ligação, de forma geral, os podcasts de ciência têm um grande potencial aí pra continuar crescendo, alcançar mais gente, porque mais pessoas estão conhecendo o formato, mais pessoas estão tendo  interesse por ciência. As pessoas realmente têm interesse por ciência, eles que não acham conteúdos bons e interessantes na Internet. Então a gente tem que mostrar que a ciência é importante, que a ciência é interessante, é muito interessante, que tá presente no nosso dia a dia o tempo todo e que, além disso, ela é divertida. A gente pode se divertir estudando, a gente pode se divertir aprendendo.

[Sobe a trilha sonora]

[Som sinalizando ligação encerrada]

Arnoni: Bom, então a gente agradece agora a ligação do Luciano Queiroz, o Cupim. Valeu pela ajuda. Acho legal esse negócio que ele trouxe de que a gente vive num mundo científico e de que é impossível hoje a gente viver sem falar ou pensar em Ciência.

Caramelo: É, eu acho que uma coisa muito importante que faz até relação com o que ele disse é que a grande parte dos problemas que a gente vê com a ciência ou com a divulgação científica é superado quando você entende que a ciência é uma manifestação cultural. A ciência como forma de cultura é uma coisa que faz você entender que ela é uma coisa que foi feita por humanos para humanos. Então, ela não é uma coisa concreta, e inegável, e imutável. É uma coisa que tá sempre em constante formação. Então, dependendo de onde ela está acontecendo, ela vai ter um caráter diferente. E o que a gente tá vendo hoje em dia é que tá tendo uma movimentação maior para que essa cultura tenha mais contato com o resto da sociedade. A questão de que vivemos em um mundo científico bate bem de encontro com esse pensamento, com essa linha, o que eu acho bem legal.

Marx: É, tem uma frase do Carl Sagan que eu tinha separado, que tem muito a ver com o que o Cupim falou e com a nossa discussão: “Vivemos em uma sociedade que é dependente da ciência e da tecnologia em que quase ninguém sabe algo sobre ciência e tecnologia.

[ruído]

Arnoni: Desculpa, começa de novo.

[Som de ligação ocupada]

Arnoni: Acho que um aspecto legal que o Cupim tocou na fala dele é que ele falou um pouco de Alfabetização Científica. Que que seria Alfabetização Científica? Seria a gente ir num jardim de infância e levar equipamentos científicos? Tornar as pessoas cientistas?

Caramelo: Alfabetização Científica é uma proposta de ensino de ciências, principalmente, que visa em três eixos você conseguir ensinar ciência de uma maneira que seja contextualizada para o aluno. Então, por exemplo, ela tem um eixo que realmente é o que a gente encontra na maioria do ensino tradicional que é basicamente você decorar nomes, saber como esses nome se articulam dentro da ciência. Então, saber fatos, saber algumas nomenclaturas e tal. O segundo seria você compreender como é a Natureza da Ciência, então como que essa ciência é produzida porque ela não é algo isolado, algo que cai do céu. Não, ela tem todas as sua polêmicas e dinâmicas internas. Então, por exemplo, Darwin era uma pessoa muito rica e provavelmente foi por causa disso que ele conseguiu fazer um livro tão bom, então ter as condições de ser…

Marx: Viajar tanto…

Caramelo: É. O cara era o …

Arnoni: Naturalista da Raínha.

Caramelo: Naturalista da Raínha segundo o Dragões de Garagem. E entender essa Natureza é importante quando você fala de ciência para não criar estereótipos, que é o que a gente falou no bloco anterior. E o terceiro é realmente conseguir linkar essa ciência, esses conhecimentos com a sociedade, o ambiente, tudo o que acontece em torno de onde essa ciência está sendo produzida. Então, trazer as discussões das descobertas científicas para um âmbito social também é coisa que é defendida pela Alfabetização Científica, o que eu acho que é uma linha que se encaixa nesse podcast e a gente tá tentando trazer essa discussão social e tentar relacionar ciência com a sociedade.

Marx: Bom, o Caramelo pontuou os três eixos da Alfabetização Científica e aí o cerne geral é exatamente isso: é a ideia de que as pessoas consigam se apropriar de um determinado conhecimento científico e aplicar esse conhecimento científico nas suas vidas, então, para além dela ficar… Claro, tem uma questão da curiosidade. É interessante você saber determinadas coisas, mas Alfabetização Científica vai visar, fundamentalmente, pegar um determinado conhecimento e aplicar aquele conhecimento. Que é o que muitas vezes inclusive que o currículo escolar acaba falhando, né? A gente aprende um monte de coisa que, dificilmente, as pessoas vão aplicar e acabam passando por cima de um monte de coisa que tinha uma aplicação direta, né? O que podia ser mais vivenciada ou ter um gasto de energia maior com determinados assuntos, né?

Arnoni: Um aspecto importante da Alfabetização Científica é isso: a gente não tá preocupado em formar cientistas, a gente tá preocupado em formar pessoas críticas, pessoas que tenham mais autonomia na hora de discutir Ciência, por exemplo. A gente tava conversando anteriormente, e eu até pensei num exemplo. Nem sei se o exemplo é tão bom, mas você vai e leva seu carro no mecânico. Se você não tem um mínimo de conhecimento sobre mecânica, motor, qualquer coisa que o mecânico te falar, você vai aceitar como verdade. Se ele te falar: “Você precisa trocar a roela da parafuseta.” Se você não tem a mínima ideia de motor…

Marx: Pastilhas…

Arnoni: Pastilhas..

[risos]

Caramelo: Tem pastilha de tudo também, né? Óleo de tudo…

Arnoni: Se você não tem apropriação daquele tema, ou pelo menos um conhecimento básico, você é passado pra trás. A gente vive num mundo onde quem tem o conhecimento tem basicamente o poder. Apesar dessa palavra ser bem ruim, mas basicamente é isso, se você hoje nesse mundo científico, como o Marx disse da frase do Carl Sagan: que a gente vive num mundo cientifico, mundo tecnológico, mas se a gente não dominar ciência, não dominar tecnologia, as pessoas vão falar pela gente.

Marx: O Arnoni tava falando e eu lembrei de um vídeo que a gente vai colocar aqui embaixo, que é um vídeo do Neil deGrasse Tyson falando sobre Alfabetização Científica e eu acho, assim, genial. É um vídeo que todo mundo deveria acessar porque ele fala exatamente isso. O Luciano Queiroz colocou que é importante a gente saber ciência porque a gente vive num mundo cientifico e eu acho que isso realmente é verdade. Mas tem outro elemento que entra, que tá nesse vídeo e que entra com o que o Arnoni tava falando, que é o fato da gente se apropriar das coisas e não ser passado pra trás. O Neil deGrasse Tyson fala nesse vídeo que faz parte do processo de participar da democracia você se apropriar de um conhecimento científico. Ele fala se a gente não usar de determinado conhecimento as pessoas vão usar e a gente vai ser enganado. Acho que esse é o… que tem uma palavra que ele usa no vídeo que, embora não seja uma palavra que eu gosto muito, é uma palavra que aparece e que ela tem o seu sentido: é o “empoderar-se”. Então, de fato, você tem um determinado poder na sua mão. Claro que tem diversas outras questões ligadas a se você tem poder ou não, que aí entra em outros milhares de temas, mas a ciência tem a sua importância.

Arnoni: Acho que dá até pra fazer até um paralelo com o que a gente tava conversando anteriormente, né? Se você não souber de ciência, você vai ser passado pra trás. A gente pode até fazer um paralelo com a divulgação mesmo. A gente tava falando de quem pode fazer divulgação e tal. Se o cientista não fizer divulgação, alguém vai fazer por ele e é nesse momento que entram as pseudociências, que entra tudo isso. Se a gente não falar, alguém vai falar pela gente.  Se a gente não souber, alguém que sabe vai tomar as decisões pela gente.

Marx: Ou mesmo alguém que não sabe, né?

[risos]

Gollum: Posso dar um exemplo?

Marx: Por favor.

Gollum: Um exemplo então mais recente é o da fosfoetanolamina. Uma coisa que demonstra bastante como o analfabetismo científico é perigoso é o caso do Bolsonaro, né? Ele se aproveita das pessoas não entenderem como é feita a ciência e porque que a fosfoetanolamina, se fosse aprovada, não seria essa grande coisa que todo mundo fala. E propôs um projeto lá pra que ela fosse aprovada, para que ela pudesse ser produzida por outras pessoas que não o cara lá na USP. Ele conseguiu aprovar, eu acho, isso.

Caramelo: Bem recentemente conseguiu.

Gollum: É. E isso deu muito ibope pra ele, sabe? Se aproveitou disso para se construir.

Marx: E pegando um exemplo ainda, não do mesmo tema, mas da mesma pessoa ou da mesma linha, no mínimo: quando esses caras fazem qualquer projeto e defendem, eles clamam pela autoridade do discurso científico. Mas, na verdade, eles não têm nada de científico no discurso deles.  É mais um momento onde, se as pessoas tiverem de fato passado por um processo de Alfabetização Científica, elas não vão ser passadas para trás por um cara como esse. Então, desde o momento de uma pesquisa como essa que o Gollum colocou aí, até o momento que esse cara da falando de “cura gay”, ele tá falando uma bobagem sem tamanho. E, se as pessoas tiverem uma dimensão científica do mundo, dos processos,  de como acontece tudo, ela vão sacar que esse cara é um charlatão, picareta.

Arnoni: Isso estende-se também para outras coisas da nossa vida, por exemplo, quando a gente vai no supermercado. Quando a gente vai comprar alguma coisa tem vários produtos que vendem um monte de baboseira científica falando “ah, esse produto tem o DNA tal, esse produto tem um negócio tal”. Se você tem o conhecimento da metodologia, tem o conhecimento do método, você percebe que ele não tá vendendo nada de mais. Ele simplesmente coloca no rótulo dele para mostrar que é uma coisa mais legal, mas que, no fundo, não tem nada de mais ali.

Gollum: “Clorofila”.

Caramelo:  “Shampoo vegetal tem DNA.”

[risos]

Marx: Ou mesmo na questão dos transgênicos, né? É importante que se saiba que a gente tá consumindo transgênicos ou não? Vamos entender o que é o “transgênicos”, né? Os caras estão apossando uma lei que não precisa tá no rótulo do alimento que ele é transgênico. É importante isso? Para onde a gente vai construir nosso discurso? Se não é isso, a gente vai ser enganado. Sempre vai ser gente para agir de má fé.

Arnoni: E outro tema que acho que nem cabe a gente entrar agora, mas é por exemplo aquela invasão do Instituto Royal que teve também, né? Não quero entrar aqui em sofrimento animal e experimentos com animais, mas para pensar que experimento animal é usado na metodologia científica. Aquela invasão fez fechar um dos maiores, ou era o maior…

Caramelo: Era bem grande.

Arnoni: Era bem grande. Por exemplo, entrando agora no que o Gollum falou: “Ah, mas a fosfoetanolamina tem que ser aprovada.” Mas um laboratório que podia fazer o teste com ela foi fechado, entendeu? E muito do que eu vejo também é que muita pessoas não sabem a importância que a ciência tem. E as pessoa não sabem também muito o que a ciência faz. Fizeram uma pesquisa científica recente agora que era para pessoa citar algum lugar que fizesse pesquisa científica no Brasil e as pessoas não souberam citar. Mandaram lembrar de cientistas famosos brasileiros e, se eu não me engano, o nome do Albert Einstein foi um dos mais citados assim. Então, é uma coisa preocupante. E aí você pega, por exemplo, o governo e não só o governo tanto federal, quanto estadual, como municipal, ele têm cortado bastante verba para educação e para ciência. Mas se a população não sabe o que a ciência faz, na hora que você corta essa verba, você fala que tudo bem, sabe? “Eu não sei o que o cientista faz, eu não sei o que ele pesquisa”. A pessoa não vê aquilo como afetando diretamente a vida dela.

Marx: E aí entra a importância desse momento, né?

Arnoni: Exato. É importante a gente mostrar. Até o Átila, no blog dele “Rainha Vermelha”, que também vai estar linkado aqui em baixo, ele coloca isso. A ciência no Brasil tá capenga e culpa disso é em parte dos cientistas também que não divulgam a importância que tem a ciência. Não que nós sejamos os deuses do mundo, mas…

Marx: Mas só saber que tem a sua importância, né? Para as próprias pessoas usarem dela e abusarem dela no campo que ela permitir, né? Dentro dos limites dela, inclusive.

A gente tá falando da importância da divulgação, mas tem um…não sei se a gente pode falar de polêmica, mas no mínimos umas controvérsias sobre a divulgação, fazer divulgação. Antes do “como fazer”, tem a polêmica do “fazer”, porque tem quem defenda o “não fazer divulgação científica”. Tem quem defenda que o cientista tem que ir lá, fazer a pesquisa dele e aplicar a pesquisa dele ali no cenário, no laboratório dele, ponto final e acabou. E o problema disso é que se a gente tiver falando de uma pesquisa como boa parte, por exemplo, só pegando o exemplo da Universidade de São Paulo, não to pedindo uma coisa de outro mundo: ele divulgar o resultado da pesquisa dele para quem financiou a pesquisa dele. Não é um trabalho, não é nada de mais. Pelo contrário: é obrigação do cara. Esse é a primeira controvérsia: “fazer” ou “não fazer”. Pô, acho que a importância do “fazer” é gigantesca. E aí o “como fazer” também tem essa questão que a gente tava discutindo até agora sobre Alfabetização Científica: tem para além do fato de as pessoas se apropriarem da ciência, nesse molde de aplicação e tal, tem só o elemento da curiosidade que também é importante mas que também tem seus limites. A gente fazer uma demonstração de fatos curiosos é legal? Óbvio que é legal e isso instiga a curiosidade, instiga o carinho por determinados pontos, ou pensando em biologia, por um bicho ou uma planta ou qualquer coisa do gênero. Mas a apropriação cotidiana das pessoas é fundamental, é importante que elas saiba usar ciência no dia a dia delas.

Arnoni:  Era muito como era feito o ensino de ciencias anteriormente, né? Era muito “explicar fatos científicos” e não metodologia científica.

Marx: Exato.

Arnoni: Porque as pessoas podem até saber ciências mas não necessariamente elas entendem como a ciência funciona e como a ciência chegou onde ela chegou.

Marx: É. Isso é muito importante. Como ela é feita? Que nem o Caramelo falou, ela é feita por pessoas normais, tem problemas, até é por isso a gente entender não só o método de que a ciência é feita dentro de um contexto histórico, dentro de uma ideia política, então a gente tem que quebrar  de uma vez aquela ideia de ciência neutra. Isso não existe. Por conta disso, ela tá dentro de um cenário.

Arnoni: Se você ensina metodologia para pessoa, ela consegue abstrair aquilo para um outro momento da vida dela. Ela consegue utilizar essa ferramenta. Agora, se você apenas mostra o fato: “a ciência é isso”, sabe, “o sol é importante para fotossíntese”, “ah, legal,”. Às vezes, ela não consegue abstrair isso para um outro momento da vida dela.

Marx: Ou para um outro aspecto.

Arnoni: É, dá uma outra função, sabe?

Marx: Ligar com um outro conhecimento, que seja, né…

Arnoni: Ela não tem o instrumento, ela sabe como o instrumento funciona. Não necessariamente, nem sabe.

[sobe música de chamada a cobrar]

Arnoni: Bom, então é isso. Acho que a gente conversou e discutiu aspectos bem legais da divulgação científica. Falamos um pouco como ela é feita, locais onde ela é feita, a importância dela, falamos de transposição didática…

Marx: Falamos de alfabetização científica, o que significa, que é as pessoas se apropriarem da ciência, utilizarem a ciência ou não. Falamos um pouco da importância disso, se é importante ou não, pelo menos do que a gente traz, juntando com uma ajuda do Cupim, do Luciano Queiroz. Contamos com a ajuda dele.

Arnoni: E a ideia é que a partir de toda essa discussão, desse debate, que você que tá ouvindo a gente agora, crie e pense um pouco mais do que vc achou disso tudo, do que vc acha da divulgação científica e se vc acha que ela é importante ou não.

Caramelo: Então, é, entre em contato, mande seu e-mail, mande sua cutucada no Facebook, mande seu áudio pelo WhatsApp, a gente vai ficar muito grato com a sua participação. E saiu do papel!

Marx:  E ajuda a divulgar o canal!

[Sobe música de chamada a cobrar]

Marx: Bom, ligado ao episódio ainda, a gente queria fazer umas sugestões culturais que têm a ver com a parte de divulgação científica. Ou não (risos), são sugestões culturais. Mas acho que a primeira que eu queria começar…. Posso começar sugerindo?

Arnoni: Por favor…

Marx: A primeira que eu queria sugerir fortemente, recomendar a todo mundo Acabando de ouvir o áudio, depois de recomendar para todos os amigos e família, esse canal é assistir o Cosmos do Neil deGrasse Tyson, e eventualmente assistir o do Carl Sagan, que é sensacional. E assim, assistam com carinho o episódio 2 porque é da nossa área (risos), que fala de evolução, é muito bom. Acho que para além dá, dá para gente citar vários filmes, como a gente já comentou no meio do episódio: “Gravidade”, ”Perdido em Marte”, e tem às vezes até animações, que muito timidamente tocam no eixo da ciência. Se você for pensar na animação da Disney, no “Divertidamente”, o funcionamento da memória, do corpo também tá tocado ali de uma maneira científica que é legal também.

Caramelo: “Procurando Nemo”, também…

Marx: Procurando Nemo.

Caramelo: Tem uma veracidade, um cuidado muito grande com a diversidade de peixes…

Marx: Embora, o Marlim originalmente deveria trocar de sexo porque é o que os peixes-palhaços fazem numa situação como a dele, né?

Caramelo: Really?

Marx: Sim senhor.

Arnoni: Ele não teria que sair procurando a mãe. Na verdade, a mãe…

Caramelo: Ele nem procura a mãe. Pode ser que ele seja uma fêmea….

Arnoni: Ainda não deu tempo de ele virar uma fêmea.

Marx: Pode ser. Tá bom, vamos salvar a Disney, né?

[risos]

Caramelo: Só você quer dar sugestão?

Marx: Não, podem falar…

Arnoni: Caramelo, sua sugestão?

Caramelo: Eu queria sugerir o livro “Você é um animal, Viskovitz”, que é de um russo chamado Alessandro Boffa, eu acho. Vai estar linkado ali embaixo. E ele é um livro muito legal que conta sobre o Viskovitz, que é um personagem que muda. Não que muda, mas ele é um personagem que assume muitas formas. E em cada capítulo, ele é um animal, e conta a rotina dele como esse animal.  Então, ele vai desde um louva-deus, que é grato à Mãe Natureza por ter ejaculação precoce porque aí ele não é comido após o sexo, até sei lá… até o cuco. Então, é bem divertido, é bem… Tem uma linguagem bem legal e eu acho que entra bem em contato com a divulgação científica como uma forma de literatura.

Arnoni: Golleta?

Gollum: Ham…de livro? Tá, queria recomendar então um livro que eu não sei o nome em português. Chama “Packing for Mars” em inglês, de uma escritora chamada Mary Roach. É de divulgação científica assim, ela fala sobre como seria a vida no espaço e de alguns aspectos da vida dos astronautas que às vezes passa meio despercebido tipo: como é a entrevista deles para entrar na agência espacial japonesa, na Nasa e tal. E como é difícil tipo viver sozinho, numa cápsula lá, só entre duas pessoas. Porque tipo os conflitos são muito mais ampliados, quando vc tá sozinho você e uma outra pessoa. E sei lá… E de documentário, assistam “Life” porque é muito bom também. Porque David Attenborough’s é bem legal, virei tiete dele (risos). E é isso aí.

Arnoni: Bom, eu queria sugerir então, primeiramente, o livro do Richard Dawkins, chama “Desvendando o Arco-íris”, que é um livro bem legal que mostra como saber ciência não torna ela chata, e sim mais bela. Que eu acho que tem um pouco a ver com o que a gente falou, eu acho bem legal. E já que a gente tá falando de podcast, recomendo que vocês ouçam também outros podcasts de ciência, por exemplo o próprio…

Caramelo: “Dragões de garagem”

Arnoni: Tem o pessoal do “Eureka”, tem o pessoal do “PodEntender”, “Scicast”…

Gollum: Quê mais?

Arnoni: De ciência acho que tem bastante podcast assim, tem o “Alô, Ciência?” também, que eu ouvi que a garotada tá fazendo um ótimo trabalho!

[risos]

Caramelo:  Os canais do YouTube também… acho que o  “Nerdologia”, o “Canal do Pirula”…

Marx: O “Peixe Babel”…

Caramelo: O “Peixe Babel”…

Arnoni: É, e dentro de podcast também eu gostaria de uma sugestão para quem quiser, conheça o canal  do Brian Cox, que é um físico britânico. Ele tem um canal que chama “ The Infinite Monkey Cage”, que ele trata a ciência de uma maneira bem da hora.

Marx: Ah! E tem o próprio canal do Neil deGrasse Tyson, né? Como que chama?

Arnoni: Startalk.

Marx: “Startalk”, que também é muito bom.

Arnoni: Bom, material de qualidade é o que não falta, né?

Marx: É…

Arnoni: Então finalmente saiu hein o primeiro episódio…

Caramelo:  Nossa! Depois de inúmeras questões existenciais…

Marx: Estamos pensando desde o ano passado, né? Discutindo…

Caramelo: E usando a biblioteca, que a gente não pode fazer tanto barulho. Tantas vezes que instalamos e desinstalamos esses microfones.

Marx: E a própria questão sobre o nome do podcast.

Arnoni: E de fato ele ainda não saiu, ele ainda está sendo gravado. Se você está ouvindo então  ele saiu! Mas se você não ouviu então…

[risos]

Marx: Tomara que você esteja ouvindo!

Caramelo: Ficou entre nós.

[risos]

Arnoni: Mas valeu a pena.

Marx: Valeu!

Arnoni: Eu achei bem legal. Mas esse episódio e, não só esse episódio, esse podcast ter saído do papel não seria possível sem a ajuda de muitas pessoas. Então para esse primeiro episódio principalmente a gente queria agradecer de novo, a presença e a participação do Luciano Queiroz, do Cupim do Dragões de Garagem. Queríamos também agradecer o Jonas do Eureka, que deu uma força para gente aqui nas partes mais burocráticas. E o Rafael do audiovisual aqui do Instituto de Biociências da USP, pela força na parte técnica, que esse som maravilhoso, essas vozes legais que vocês estão ouvindo graças à força dele.

Marx: [Trecho ininteligível]…sem eco…

[risos]

Arnoni: sem eco, sem chiado, sem nada, por causa do Rafa, grande participação dele. Então espero que vcs tenham gostado desse primeiro episódio, e mandem suas dúvidas, sugestões, sugestões de pauta…

Marx: Críticas

Arnoni: Críticas pro nosso email, que é contato@alociencia.com.br. Nós também estamos no Facebook no www.facebook.com/alociencia . No twitter: twitter.com/alociencia e no Instagram: instagram.com/alociencia.

Caramelo: Mande também sua inserção de áudio para o nosso próximo tema, sugestões dúvidas pelo  whatsapp…

Arnoni: 11 94887-0901 Para você mandar aquele seu nude…

[risos]

Arnoni: Brincadeira…

Caramelo: Mande seu áudio para gente que a gente acrescente no proximo programa.

Arnoni: então entra no nosso site também: www.alociencia.com.br e daqui a duas semana a gente volta.

[estalo de beijo]

Marx: Beijos.

Caramelo: Assina o feed.

Arnoni: Assina no iTunes…

[sobe música de encerramento]